quinta-feira, 12 de junho de 2008

Essas fotos foram tiradas no último dia de aula de DIPri, em 5 de junho de 2008.
Turma de 10º período. Mas eu e Rafael, que somos do 9º período, cursamos com eles.
Muito bom!
Rickson, você é um ser humano adorável. Nosso eterno Mestre!


segunda-feira, 9 de junho de 2008

Paulo Freire

O educador Paulo Reglus Neves Freire desenvolveu uma metodologia de alfabetização utilizada até hoje. Para Freire, a alfabetização é um processo de conscientização que capacita o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita, quanto para a sua libertação. Trabalhando com educação de adultos durante seu exílio no Chile, Freire escreveu sua principal obra: Pedagogia do Oprimido. Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. Paulo Freire é autor de obras como Educação: prática da liberdade, Pedagogia do oprimido, Cartas à Guiné-Bissau, Pedagogia da esperança e À sombra desta mangueira. A Paulo Freire foi concedido o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades.Nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, onde sofreu com uma infância pobre. Recebeu inúmeros prêmios; trabalhou na Universidade de Harvard, Unicamp e PUCSP; foi consultor de educação de vários países do terceiro mundo e ocupou o cargo de Secretário de Educação do Município de São Paulo. No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro, intitulado "Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa". Faleceu no dia 2 de maio de 1997, em São Paulo.

domingo, 8 de junho de 2008


O silêncio. É o que cabe agora. Reflexão!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Ontem, 05/06/2008, foi o último dia de aula de Direito Internacional Privado.
Fiquei um pouco triste, uma vez que tenho muito apreço por essa disciplina e não voltarei a estudá-la, provavelmente, tão cedo. Na graduação, tal disciplina termina hoje e, certamente, só terei contato com ela, numa pós, num mestrado, muito superficialmente, na melhor das hipóteses.
Mas fica aqui registrado o meu carinho, o meu respeito e a minha mais profunda admiração pelo meu Professor Rickson Rios que, desde Dto. Internacional Público, fez de mim, uma estudante apaixonada por essa disciplina e suas peculiaridades.
Rickson, muito obrigada por tudo! Pelos ensinamentos, pelo carinho, pela paciência, pela amizade, enfim. Você é mais que um Professor, é um Mestre, um Amigo.
Que possamos, na escola da vida, ter sempre esse contato acadêmico, amistoso e carinhoso.
Saudades, desde já!
Fico tantos dias sem postar aqui que há certas vezes que esqueço como se faz. Acreditem, se quiserem e/ou puderem (rs).
Bem, estou um pouco aliviada, já que consegui escrever o meu TCC.
Ainda faltam acertos quanto à formatação, bem como complementar algumas idéias (especialmente no âmbito do Dto. Internacional), mas está praticamente pronto!
Pretendo escrever uma prévia dele aqui, em breve.
Afinal, o tema suscita calorosas discussões: União Estável Homoafetiva.
Até breve!
Abraços a todos.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

"Amada pelos importantes...
Odiada pelos insignificantes..."

sábado, 5 de abril de 2008

Curioso como com o passar dos anos, sinto-me tão bem.
Há quase oito anos, depois de tantas experiências que jamais poderia imaginar viver, sinto-me disposta para a vida; aberta ao Amor... Cheia de sonhos, metas e desejos.
Como amo a vida!
Adoro olhar para o meu filho e perceber que tudo valeu e vale a pena. Sou feliz porque tenho saúde, porque tenho força e coragem dentro de mim para viver, amar, estudar e perseguir meus ideais.
Apesar de ter vivido muita coisa, guardo em mim a alegria de uma criança. Ao ver um desenho animado, me distraio. Ao comer algodão doce, me lambuzo. Ao brincar com meu filho e sobrinha, me divirto. Enfim, crianças me fazem muito bem.
Amo com dedicação total a minha família.
Entrego-me à minha formação acadêmica e ao Amor!
Essa sou eu!
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional" Carlos Drummond de Andrade.

domingo, 30 de março de 2008

Sinto-me fria por não conseguir sofrer e chorar copiosamente com o rosto enfiado no travesseiro, como certamente aconteceria caso fosse adolescente.
Sinto-me bem, todavia, por quase sempre ser capaz de controlar minhas emoções.
A maturidade me deu esse bônus e, em contrapartida, começarei a fazer uso, este mês, de cosméticos para amenizar e prevenir minhas linhas de expressão, infelizmente já perceptíveis.
E assim, como um "velho boiadeiro, que toca a boiada", eu vou seguindo o meu caminho.
Feliz por ter um lindíssimo e saudável filho de 7 aninhos.
Boa semana para todos nós!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Definição de Felicidade

"Perguntaram a um monge budista o que era Felicidade. Ele respondeu que Felicidade é Equilíbrio.
A platéia ficou espantada, esperavam outro tipo de resposta. Quando o murmurinho passou, o monge complementou o seu pensamento:-Vocês perguntaram o que é Felicidade. Caso perguntassem o que é Equilíbrio, a minha resposta teria sido outra, mais longa. A verdade é que não existe Equilíbrio sem Felicidade, um homem atormendado nunca vai conseguir o Equilíbrio enquanto não superar aquilo que o atormenta. Tampouco existe Felicidade sem Equilíbrio, pessoas inconstantes e desequilibradas não são felizes, são histéricas, confundem alegria com Felicidade. Felicidade e Equilíbrio são como as raízes e a copa de uma mesma árvore: um não existe sem o outro.Acho que podemos aplicar esse conceito nos relacionamentos também: só vão dar certo se forem estáveis; só vão ser Felizes se o casal tiver Equilíbrio e sensibilidade no dia-a-dia.
About Last Night

"Já se conheciam a muitos anos. Foram apresentados ainda nos tempos de faculdade por um amigo em comum. Ele teve uma atração instantânea por ela, ficou encantado. Como era muito tímido, foi tentando uma aproximação sutil, disfarçada.Ela percebeu e não quis. De forma muito direta, explicou que não sentira atração. Ele num impulso tentou beijá-la e ela o repeliu. Houve um momento de constrangimento, sólido, pesado, eterno. Novamente ela tomou a iniciativa, e pintou cores coloridas naquele clima cinzento propondo uma amizade. Que fossem ao cinema, que dançassem, mas dela ele teria apenas amizade. Ele acatou.E assim foi. Durante quatro anos, foram amigos. Contavam um para o outro as enrascadas amorosas em que se metiam, trocavam conselhos, tornarem-se grandes cúmplices. E quando lembravam do início, riam e repetiam que não tinha mesmo nada a ver, que estavam melhor assim.Um dia ela conheceu alguém, ele deu a maior força. Ela se apaixonou, casou e mudou de cidade, foram morar em São Paulo, tentar a sorte por lá. Junto, levou o carinho do amigo e votos de felicidades. Por algum tempo ainda se falaram, depois os contatos foram rareando e por fim terminaram. As lembranças foram se tornando pálidas, esmaecidas, como as folhas que caem das árvores nos dias de outono. A primavera entre eles havia terminado.Alguns anos depois, ele chegou em casa do trabalho e viu a luz da secretária piscando. Reconheceu de imediato a voz, mesmo após tantos anos. O timbre era o mesmo. Foi tomado por uma emoção súbita, o coração palpitou tão alto que nem permitiu ouvir o recado direito. Teve de voltar a mensagem algumas vezes.Ela estava de volta! O amor acabou, aconteceram algumas traições, ela concluiu que traição maior com ela mesma seria manter o casamento apenas por covardia. Afinal, não tiveram filhos, ela se tornara uma executiva graduada em um dos maiores grupos de comunicação do país; poderosa, sempre dispôs sobre a vida de tantos a seu serviço, resolveu que poderia dispor da sua própria vida também. E ele, como estava? Casado, solteiro... poderiam se encontrar, falar dos velhos tempos?Ele anotou afoitamente os números do celular que ela ditou e discou imediatamente. A emoção quase o sufocou quando ela atendeu dizendo: “- Olá, meu amigo! Que bom que você ligou!”. Ela disse que estava temerosa, não sabia mais nada sobre ele, talvez estivesse casado, com filhos... talvez não tivesse interesse em a encontrar...Ele deu uma gargalhada. Era muito bom tê-la de volta, de onde ela tirou aquelas bobagens todas? Como fazê-la entender que jamais a esquecera? Não, não tinha casado, não, não teve filhos também, sim, sim, queria revê-la, claro que sim!!!Marcaram para as dez horas, ele a buscaria no hotel em que se hospedara. Quando desligou, não conseguia parar de gritar, ensaiou uns passos de dança, riu muito!!!! Ela estava de volta, eles iriam sair juntos. Ela, depois de tantos anos, sua melhor amiga, sua confidente, sua irmã. Ela.Tomou um banho demorado, caprichou na barba, usou aquela loção importada que guardava para noites especiais, vestiu a sua melhor roupa. Na garagem, hesitou antes de entrar no carro, um modelo popular, antigo, que já nem era mais produzido. Pensou, mas achou que se ruim era chegar com aquele carro, pior seria chegar de táxi. Entrou, ligou o motor e saiu afobado, cantando pneus. Estava quase na hora.No saguão do hotel, pediu para avisar que a estava esperando embaixo. Os minutos que passou ali em pé aguardando pareciam intermináveis, valeram por horas de esforço, tiveram cores de sofrimento. Quando a porta do elevador abriu e ela apareceu, desapareceu como por encanto o peso de toda aquela espera, de todos aqueles anos em que se sentira meio órfão, abandonado, largado na vida, em que mesmo sem se dar conta a buscara em cada mulher com quem se relacionou .Ela estava deslumbrante. Não pela roupa, até que bem simples, apesar de ser de marca, apenas um jeans, uma blusa e sandálias. O deslumbre estava na luz que emanava do seu sorriso, do calor que brotava dos seus olhos. No abraço que deram, pareciam se fundir; não fossem fortes e seus corações teriam derretido ali, tamanho o calor que aquele abraço proporcionou. Riam sem parar, como duas crianças. Só conseguiam murmurar: “-você está ótimo!”; “- você também!”.Resolveram procurar algum point das antigas para relembrar e não encontraram nenhum. Perceberam que a Vida sinalizava com o novo para eles, e desistiram de tentar pautar o passado. Foram para um restaurante da moda, muito badalado, comeram, beberam, riram. Brincaram com as suas histórias, troçaram de suas vidas, riram de como a vida brincara com eles. Na hora de pagar a conta, ela puxou a nota para si, disse que era algo que sempre quis fazer, pagar a conta para um homem! Ele sorriu sem graça, mas no íntimo ficou aliviado, aquele restaurante estava muito acima do que poderia bancar. E aceitou rindo, fazendo um gestual de tudo bem, como se entendesse e aceitasse apenas como brincadeira.Tarde da noite, saindo do restaurante, ela disse que queria dançar. Foram para uma boate, dançaram afastados, beberam, dançaram juntos, beberam mais, se beijaram. Foi como se uma represa se rompesse; águas antes paradas, serenas, se transformaram em um caudal de sentimentos, em rodamoinhos de fúria louca, de gemidos, gritos, mordidas, amassos. Não podiam mais resistir à pressão daquelas águas por tanto tempo estagnadas, libertas de súbito e transformadas em corredeiras de paixão. Aquelas águas só parariam ao chegarem ao mar.E assim foi. Foram para a praia, tiraram as roupas e mergulharam nus, de mãos dadas. Após o mergulho no mar, mergulharam fundo um no outro, se amaram e se possuíram como se tivessem tomando posse de algo que sempre souberam ser deles. Algo que antes não quiseram ou não puderam entender, mas que agora queriam e precisavam como se dele dependessem para continuar vivendo. Algo essencial.Já estava amanhecendo quando ele a deixou no hotel. Riram do estado das suas roupas, fizeram piadas sobre o que o pessoal da recepção iria pensar. Trocaram mais um beijo, ela desceu do carro, deu mais um sorriso, virou de costas e entrou. Ele respirou fundo, sorriu, ligou o motor e foi para casa. Precisava tomar um banho rápido, tinha menos de duas horas para chegar no trabalho. Ele batia ponto, não podia atrasar.Aquele dia não rendeu nada. Ele não conseguia se concentrar. Tudo o que fazia era repassar a noite anterior, várias e várias vezes. Os colegas davam risadas, diziam que ele estava com um sorriso estranho! E cada vez que diziam isso, o sorriso mais se expandia na sua face.Um pouco antes do fim do expediente, ligou para o hotel. Certamente ela já estava acordada, e queria combinar de se encontrarem novamente. Ao pedir o nº do quarto dela, a resposta que ouviu o acertou como um murro na cara, jogando longe aquele sorriso que parecia tão fortemente plantado em seu rosto. Ela partira.Mandou fechar a conta um pouco antes do meio-dia; mandou pedir um táxi para levá-la ao aeroporto; não, não deixara nenhuma mensagem. Sim, com certeza, verificara novamente e não havia nenhuma mensagem para ele. Ligou para sua própria casa, na esperança de que ela tivesse deixado alguma mensagem, e a secretária eletrônica, ao atender apenas no quinto toque, já lhe deu a resposta. Nenhuma mensagem.Ficou sem chão, sua visão turvou, lágrimas brotaram com tal intensidade que nenhum dique poderia reter. Alguns colegas acudiram, pensando se tratar de algum mal súbito. Sem nada explicar, pegou o seu paletó na cadeira e saiu apressado. Precisava andar, buscar ar, não conseguia mais respirar.Ficou andando pelas ruas, sem rumo, até alta madrugada. Finalmente cansado, abatido, vencido pela noite anterior aliada à dor daquele dia, resolver se render e voltar para casa.Ao chegar, não encontrou nos bolsos as chaves. Devia ter esquecido no escritório. Morava em um prédio antigo, que só tinha um porteiro e este ficava na portaria até as oito da noite. Depois desse horário, cada morador que quisesse entrar em casa tinha de abrir o portão sozinho. Sem alternativa, tocou a campainha da casa do porteiro; a esposa dele fazia a faxina do seu apartamento e poderia lhe emprestar a chave. Ao ouvir a voz sonolenta dizendo alô, pediu desculpas, deu uma explicação qualquer e esperou. Passados alguns instantes, o porteiro apareceu e abriu o portão.Junto com a chave do apartamento, entregou um maço de rosas. Disse que entregaram por volta das quatro, e que para não deixar morrer, a sua mulher levara para a casa deles e colocara num jarro. Grampeado no papel que envolvia as rosas, havia um envelope.Acelerando o passo, correu para casa, arrancou nervosamente o envelope, abriu e começou a ler a carta que tinha dentro. A ansiedade foi se transformando novamente em sorriso. Um grande sorriso, cada vez mais largo.Na carta, ela dizia que logo após tê-lo rejeitado naquela vez em que se conheceram, ao se transformarem em amigos, foi aos poucos o conhecendo e criando admiração por ele; que em pouco tempo, aquela admiração se transformara em amor. Mas, como ele nunca mais tentara nada, como passou a tratá-la como amiga, acreditava que o sentimento dele havia morrido, e não tivera coragem de se expor, de se abrir.Quando conheceu o seu ex-marido, falou sobre ele na esperança de ver alguma reação, ainda que tênue, no seus olhos, na esperança de ouvir algo do tipo “-você pertence a mim, não a ele!”. O que ouviu foram palavras de estímulo, que fosse fundo, o cara parecia legal... e ela foi, por pura desistência de continuar a tentar. Por se sentir incapaz de fazê-lo entender o que lhe ia na alma.Durante os anos de casada, passava o tempo todo comparando os dois, o gestual, o emocional... se perguntava como teria sido se tivesse feito sexo com ele. E para fugir da armadilha de um casamento sem calor, se lançara de corpo e alma no trabalho, fizera da carreira a sua razão de vida.E finalmente achou que não podia mais, que precisava saber. Terminou o casamento e começou a viagem em busca de si mesma, permitiu-se singrar os mares de retorno em busca do seu porto seguro. Precisava saber se esse porto existia, ou se fora apenas devaneios de juventude.A noite passada tivera diferentes gostos para ela. Por um lado, o sabor da comprovação daquilo que sempre soubera: foram feitos um para o outro. Por outro lado, a tristeza de tantos anos desperdiçados por medo de se assumir, de correr o risco de se declarar. Hoje sabia o quanto fora tola. Nenhuma carreira, nenhum sucesso ou reconhecimento profissional poderia pagar o que sentira na noite passada. Não tinha preço a sensação de finalmente se saber pertencer a alguém. Seu dono. Seu homem.E por isso resolveu partir. Estava voltando para São Paulo, para varrer da sua vida o resto do entulho que a manteve imobilizada por tantos anos. Precisava romper as amarras profissionais para se sentir livre. Iria conversar sobre alguma possível função na filial do Rio de Janeiro, mas mesmo que não conseguisse, viria assim mesmo. Sabia que ele tinha uma vida apertada, mas o que ela ganhara e juntara durante todos aqueles anos era o suficiente para proporcionar conforto a ambos. Assim que acertasse os ponteiros com seu passado, iria acertar o seu relógio para começar a marcar o tempo de uma nova vida, e desta vez ao seu lado. O compasso binário do velho relógio de cuco marcaria o ritmo da nova vida a dois. E eles seriam apenas um. Finalmente.Que ele tivesse só um pouco mais de paciência e a aguardasse. Ainda viveriam muitas vezes a noite passada. Ainda teriam muito o que conversar about last night."

domingo, 23 de março de 2008

"Goste de alguém que te ame, alguém que te espere, alguém que te compreenda mesmo nos momentos de loucura.De alguém que te ajude, que te guie, que seja seu apoio, tua esperança, teu tudo.Goste de alguém que não te traia, que seja fiel, que sonhe contigo, que só pense em ti, no teu rosto, na tua delicadeza, no teu espírito; E não só no teu corpo, nem em teus bens.Goste de alguém que te espere até o final, de alguém que sofra junto contigo, que ria junto a ti, que enxugue tuas lágrimas; Que te abrigues quando necessário, que fique feliz com tuas alegrias e que te dê forças depois de um fracasso.Goste de alguém que volte para conversar depois da briga, depois do desencontro. De alguém que caminhe junto a ti, que seja companheiro, que respeite tuas fantasias, tuas ilusões.Goste de alguém que te ame.Não goste apenas do amor.Goste de alguém que sinta o mesmo por vc."
William Shakespeare
"Cada um tem de mim exatamente o que cativou, e cada um é responsável pelo que cativou, não suporto falsidade e mentira, a verdade pode machucar, mas é sempre mais digna. Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com intensidade. Perder com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem mais se atreve e a vida é muito para ser insignificante. Eu faço e abuso da felicidade e não desisto dos meus sonhos. O mundo está nas mãos daqueles que tem coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos.Pessoas com energia positiva e alto astral são sempre bem vindas e que não existe coisa melhor no mundo do que viver,curtir e gozar a vida, que passa rápido e daqui não levaremos nada, a não ser toda a experiência e as amizades".
Charles Chaplin.
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos,na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."
Carlos Drummond de Andrade.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Células-tronco: o que são e para que servem

Elas são de diversos tipos e um verdadeiro tesouro, pois podem originar outros tipos de células e promover a cura de diversas doenças como o câncer, o Mal de Alzeimer e cardiopatias. Estamos falando das células-tronco, foco de discussões entre cientistas, leigos e políticos.
O fato é que a legislação brasileira sobre pesquisas com células-tronco de embriões humanos, já aprovada no Congresso Nacional, permite o uso dessas células para qualquer fim. Mas a lei de Biossegurança aguarda aprovação na Câmara dos Deputados. E muita polêmica ainda pode surgir, já que a Igreja e outros grupos são contra a utilização de células-tronco embrionárias.
Para explicar o que é e para que serve a célula-tronco, entre outros temas, Alexandra Vieira, farmacêutica e bioquímica, pesquisadora da Fundação Zerbini/INCOR, em São Paulo, concedeu esta entrevista exclusiva ao Terra. Confira!
Terra: O que são células-tronco?
Alexandra: De forma bem simplificada, células-tronco são células primitivas, produzidas durante o desenvolvimento do organismo e que dão origem a outros tipos de células. Existem vários tipos de células-tronco: 1. Totipotentes - podem produzir todas as células embrionárias e extra embrionárias; 2. Pluripotentes - podem produzir todos os tipos celulares do embrião; 3. Multipotentes - podem produzir células de várias linhagens; 4. Oligopotentes - podem produzir células dentro de uma única linhagem e 5. Unipotentes - produzem somente um único tipo celular maduro. As células embrionárias são consideradas pluripotentes porque uma célula pode contribuir para formação de todas as células e tecidos no organismo.
Terra: Para que servem as células-tronco?
Alexandra: Uma das principais aplicações é produzir células e tecidos para terapias medicinais. Atualmente, órgãos e tecidos doados são freqüentemente usados para repor aqueles que estão doentes ou destruídos. Infelizmente, o número de pessoas que necessitam de um transplante excede muito o número de órgãos disponíveis para transplante. E as células pluripotentes oferecem a possibilidade de uma fonte de reposição de células e tecidos para tratar um grande número de doenças incluindo o Mal de Parkinson, Alzheimer, traumatismo da medula espinhal, infarto, queimaduras, doenças do coração, diabetes, osteoartrite e artrite reumatóide.
Terra: Onde as células-tronco podem ser encontradas?
Alexandra: Em embriões recém-fecundados (blastocistos), criados por fertilização in vitro - aqueles que não serão utilizados no tratamento da infertilidade (chamados embriões disponíveis) ou criados especificamente para pesquisa; embriões recém-fecundados criados por inserção do núcleo celular de uma célula adulta em um óvulo que teve seu núcleo removido - reposição de núcleo celular (denominado clonagem); células germinativas ou órgãos de fetos abortados; células sanguíneas de cordão umbilical no momento do nascimento; alguns tecidos adultos (tais como a medula óssea) e células maduras de tecido adulto reprogramadas para ter comportamento de células-tronco.
Terra: Qual é a diferença entre célula-tronco embrionária e célula tronco adulta?
Alexandra: Célula-tronco embrionária (pluripotente) são células primitivas (indiferenciadas) de embrião que têm potencial para se tornarem uma variedade de tipos celulares especializados de qualquer órgão ou tecido do organismo. Já a célula-tronco adulta (multipotente) é uma célula indiferenciada encontrada em um tecido diferenciado, que pode renovar-se e (com certa limitação) diferenciar-se para produzir o tipo de célula especializada do tecido do qual se origina.
Terra: Por que é bom armazenar o sangue do cordão umbilical da criança?
Alexandra: Porque no cordão umbilical se encontra um grande número de células-tronco hematopoiéticas, fundamentais no transplante de medula óssea. Se houver necessidade do transplante, essas células de cordão ficam imediatamente disponíveis e não há necessidade de localizar o doador compatível e submetê-lo à retirada da medula óssea.
Terra: As células-tronco podem ajudar na terapia de quais doenças? Como os tratamentos são feitos?
Alexandra: Algumas doenças que seriam beneficiadas com a utilização das células tronco embrionárias são: Câncer - para reconstrução dos tecidos; Doenças do coração - para reposição do tecido isquêmico com células cardíacas saudáveis e para o crescimento de novos vasos; Osteoporose - por repopular o osso com células novas e fortes; Doença de Parkinson - para reposição das células cerebrais produtoras de dopamina; Diabetes - para infundir o pâncreas com novas células produtoras de insulina; Cegueira - para repor as células da retina; Danos na medula espinhal - para reposição das células neurais da medula espinal; Doenças renais - para repor as células, tecidos ou mesmo o rim inteiro; Doenças hepáticas - para repor as células hepáticas ou o fígado todo; Esclerose lateral amiotrófica - para a geração de novo tecido neural ao longo da medula espinal e corpo; Doença de Alzheimer - células-tronco poderiam tornar-se parte da cura pela reposição e cura das células cerebrais; Distrofia muscular - para reposição de tecido muscular e possivelmente, carreando genes que promovam a cura; Osteoartrite - para ajudar o organismo a desenvolver nova cartilagem; Doença auto-imune - para repopular as células do sangue e do sistema imune; Doença pulmonar - para o crescimento de um novo tecido pulmonar.
Terra: Os tratamentos são muito caros?
Alexandra: Sim. Para se ter uma idéia dos valores seguidos nos Estados Unidos, coleta e processamento das células do cordão umbilical custam U$ 1.325 e a estocagem anual das células em nitrogênio líquido U$ 95 por ano. Terapia celular para doadores autólogos, isto é, que usam sua própria medula óssea como fonte de células-tronco, aproximadamente U$ 80 mil e, se for transplante celular alogênico, isto é, de células provenientes de um doador compatível que não ele próprio, de U$ 90 mil a US$ 150 mil. A procura por um doador compatível varia de U$ 7 mil a U$ 9 mil.
Terra: No Brasil, onde já se faz tratamentos com células-tronco?
Alexandra: Aqui, os tratamentos com células-tronco são feitos apenas em grandes centros de pesquisa, como os grandes hospitais e somente para pacientes que assinam um termo de consentimento e concordam em participar desses estudos clínicos.
Recentemente, o Ministério da Saúde aprovou um orçamento de R$ 13 milhões em três anos para a pesquisa das células-tronco da qual participam alguns grandes hospitais brasileiros como o Instituto do Coração - SP, Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras - RJ, entre outros. Serão estudadas as cardiopatias chagásicas (decorrente da doença da Chagas), o infarto agudo do miocárdio, a cardiomiopatia dilatada e a doença isquêmica crônica do coração.
Como a terapia utiliza células-tronco autólogas, o estudo não sofre influência da Lei de Biossegurança, recém-aprovada no Senado. Além dessa grande pesquisa, o Brasil está investindo em terapia com células-tronco voltada a outras doenças, como é o caso da distrofia muscular, esclerose múltipla, câncer, traumatismo de medula espinhal, diabetes etc.
Terra: Qual é o futuro da terapia com células-tronco?
Alexandra: Alguns objetivos que seriam alcançados com a utilização da terapia com as células-tronco são: Compreensão dos mecanismos de diferenciação e desenvolvimento; Identificação, isolamento e purificação dos diferentes tipos de células tronco adultas; Controle da diferenciação de células-tronco para tipos celulares alvo necessários para o tratamento das doenças; Conhecimento para desenvolver transplantes de células-tronco compatíveis; Nos transplantes de células-tronco: demonstração do controle apropriado do crescimento, bem como a obtenção do desenvolvimento e função de célula normal; Confirmação dos resultados bem-sucedidos dos animais em seres humanos.
Terra: Quais são os argumentos dos cientistas, do ponto de vista ético, para defender o uso das células-tronco?
Alexandra: 1. Células tronco embrionárias possuem o atributo da pluripotência, o que quer dizer que são capazes de originar qualquer tipo de célula do organismo, exceto a célula da placenta. 2. Sabe-se que 90% dos embriões gerados em clínicas de fertilização e que são inseridos em um útero, nas melhores condições, não geram vida. 3. Embriões de má qualidade, que não têm potencial de gerar uma vida, mantêm a capacidade de gerar linhagens de células-tronco embrionárias e, portanto, de gerar tecidos. 4. A certeza de que células-tronco embrionárias humanas podem produzir células e órgãos que são geneticamente idênticos ao paciente ampliaria a lista de pacientes elegíveis para tal terapia. 5. É ético deixar um paciente afetado por uma doença letal morrer para preservar um embrião cujo destino é o lixo? Ao utilizar células-tronco embrionárias para regenerar tecidos de um paciente não estaríamos criando uma vida?
Terra: Em quais países já é permitido usar células-tronco?
Alexandra: Inglaterra, Austrália, Canadá, China, Japão, Holanda, África do Sul, Alemanha e outros países da Europa.
Segunda-feira, 10 de março de 2008.
Fonte: O Estado de São Paulo.

Nobel defende pesquisas com células-tronco embrionárias
Alexandre Gonçalves

O ganhador do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 2007, Oliver Smithies, afirmou ontem em São Paulo que “um país que não tomar parte (nas pesquisas com células-tronco embrionárias) perderá a oportunidade de oferecer sua contribuição à humanidade”. O comentário foi feito no Parque do Ibirapuera, antes de uma palestra sobre sua experiência de 60 anos como biólogo molecular.Na quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o julgamento sobre a constitucionalidade da utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas por causa do pedido de vista do ministro Carlos Alberto Direito. O assunto só voltará para a fila de matérias a serem apreciadas em até 30 dias.Para o ministro Marco Aurélio Mello, um dos 11 membros do STF, a diferença dos votos contra ou a favor das pesquisas deverá ser muito pequena - “de um ou dois”. Smithies espera que o STF adote uma nova perspectiva diante do problema ético suscitado pelas pesquisas. “Existe muita discussão sobre matar embriões. Mas, na verdade, trata-se de preservar a vida do embrião.” E esclarece seu ponto de vista com um exemplo. “Se eu morresse em um acidente de carro, algumas partes do meu corpo poderiam ser transplantadas. Desta forma, parte de mim continuaria vivendo em outras pessoas.”O cientista acredita que os primórdios de qualquer campo de pesquisa costumam ser controversos, mas, com o tempo, as restrições, inclusive religiosas, tendem a diminuir e desaparecer. Em contraposição, o papa Bento XVI reafirmou ontem, em uma homilia para 200 jovens na igreja romana de São Lourenço, o valor incondicional da vida humana. “O homem é sempre homem com toda a sua dignidade, mesmo se estiver em estado de coma, mesmo se for um embrião”, disse.Segundo Bento XVI, a ciência e, de um modo particular a medicina, representa uma grande luta pela vida, mas, mesmo se descobrissem a “pílula da imortalidade”, seriam incapazes de satisfazer a sede de eternidade latente no homem. “Imaginemos o que aconteceria com uma vida biológica imortal. Surgiria um mundo envelhecido, um mundo sem espaço para a juventude, para o novo. Esta não pode ser a imortalidade que desejamos”, afirmou.ANIMAISSmithies também é favorável à utilização de cobaias nas pesquisas científicas, desde que fique comprovada a relevância dos estudos para o conhecimento científico. Hoje, o pesquisador participará da abertura do 1.º Simpósio Brasileiro de Tecnologia Transgênica, organizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

COLABOROU JOÃO NAVES

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

1. A família em transformação

Até muito recentemente, a família era entendida como a união, por meio do casamento, de homem e mulher, com o objetivo de constituir uma prole e educar os filhos. O casamento tinha como objetivo precípuo, além da concentração e transmissão de patrimônio, a geração de filhos, especialmente homens, que sucedessem os pais, herdando seus negócios. E era tão forte e tão arraigada no seio da sociedade essa concepção do casamento como forma de constituição de uma prole, que os casais que não podiam ter filhos sofriam discriminações, sentiam-se envergonhados, humilhados, traumatizados por não poderem gerar seus próprios filhos. Também os filhos havidos fora do casamento eram discriminados, a ponto de serem denominados de "filhos ilegítimos" e sofrerem uma série de restrições no que se refere ao direito sucessório. E foi só na Constituição de 1988 – portanto há pouco mais de 12 anos – que essa situação começou a ter nova colocação. Hoje, tanto os filhos havidos no casamento como os havidos fora dele detêm os mesmos direitos.

Mas não foram apenas essas mudanças em nível constitucional que marcaram a última década. No plano social, o tamanho das famílias e sua composição também vêm sofrendo um rápido processo de transformação.

Tanto é assim que, não faz muito tempo – e em algumas regiões ainda perdura essa realidade – as famílias, especialmente na zona rural, eram compostas de pai, mãe e muitos filhos, a fim de, em cooperação, cultivarem a terra, dela tirando o próprio sustento e vendendo o excedente.

Com a industrialização dos grandes centros urbanos, há a explosão do êxodo rural. As famílias antes numerosas, agora vivendo nas cidades, em pequenos espaços, começaram a diminuir de tamanho. Além disso, em decorrência dos problemas sociais, do desemprego, da violência urbana, da falta de segurança, grande é o número de pessoas que não constituiu família própria, nos moldes tradicionais. Essas pessoas vivem sozinhas, ou com parentes, com amigos, companheiros, etc.

Como muito bem, enfocado por Luiz Mello de Almeida Neto (1):

".... o modelo de família constituído por um homem e uma mulher, casados civil e religiosamente, eleitos reciprocamente como parceiros eternos e exclusivos a partir de um ideário de amor romântico, que coabitam numa mesma unidade doméstica e que se reproduzem biologicamente com vistas à perpetuação da espécie, ao engrandecimento da pátria e à promoção da felicidade pessoal dos pais não esgota o entendimento do que seja uma família. Da mesma forma, sociólogos, antropólogos, historiadores e cientistas políticos sistematicamente têm demonstrado que as noções de casamento e amor também vêm mudando ao longo da história ocidental, assumindo contornos e formas de manifestação e de institucionalização plurívocos e multifacetados, que num movimento de transformação permanente colocam homens e mulheres em face de distintas possibilidades de materialização das trocas afetivas e sexuais".

A liberação sexual, sem dúvida, em muito contribuiu para a formação desse novo perfil de família. Não há mais necessidade do casamento para uma vida sexual plena. Algumas pessoas se encontram, sem gostam, se curtem por alguém tempo, mas cada qual vive em sua própria casa, em seu próprio espaço. O objetivo dessa união não é mais a geração de filhos, mas o amor, o afeto, o prazer sexual. Ora, se a base da constituição da família deixou de ser a procriação, a geração de filhos, para se concentrar na troca de afeto, de amor, é natural que mudanças ocorressem na composição dessas famílias. Se biologicamente é impossível duas pessoas do mesmo sexo gerarem filhos, agora, como o novo paradigma para a formação da família – o amor, em vez da prole – os "casais" não necessariamente precisam ser formados por pessoas de sexo diferentes.

Assim, como lembra Edenilza Gobbo (2):

"O triângulo pai-mãe-filhos muda de conformação". A partir dos anos 90, especialmente pela luta dos movimentos sociais, as unidades familiares apresentam as mais variadas formas possíveis. Muito comum são as famílias monoparentais, formadas por um dos pais e seus filhos – biológicos ou adotivos. Proliferam, de igual sorte, as famílias formadas por homossexuais, homens ou mulheres, as famílias formadas por irmãos, por avós e netos, tios e sobrinhos, primos, etc.

2. O homossexualismo

Etimologicamente a palavra homossexual é formada pelos vocábulos homo e sexu. Homo, do grego hómos, que significa semelhante, e sexual, do latim sexu, que é relativo ou pertencente ao sexo. Refere-se à preferência de praticar sexo com pessoa do mesmo gênero – homem com homem ou mulher com mulher.

De acordo com a história dos povos, o homossexualismo, especialmente o masculino, sempre existiu. Várias civilizações antigas cultivaram a prática homossexual: romanos, egípcios, gregos e assírios. Segundo Jadson Dias Correia (3), foi na Grécia que o homossexualismo tomou maior feição, "pois além de representar aspectos religiosos e militares, os gregos também atribuíam à homossexualidade características como a intelectualidade, estética corporal e ética comportamental, sendo por muitos considerada mais nobre do que o relacionamento heterossexual".

Maria Berenice Dias (4) também nos revela que na Grécia antiga o homossexualismo estava intimamente ligado ao militarismo, porque se tinha a crença de que, por meio do esperma, se transmitiam heroísmo e nobreza. O homossexualismo fazia parte da cultura das classes nobres.

Mais tarde, com a ascensão das religiões, o homossexualismo passou a ser considerado uma perversão, uma anomalia. Embora praticado veladamente, sempre esteve ligado à intelectualidade. Grandes nomes das artes, da música, da ciência, da literatura na Idade Média estiveram ligados ao homossexualismo.

Depois de longo período de ostracismo, de encobrimentos, de traumas, o homossexualismo derruba preconceitos, "mostra sua cara", fala, discute, reivindica. Os movimentos gays, lésbicas e simpatizantes estão aí, pelo mundo afora, buscando seu espaço social, exercitando sua cidadania.


3. União homossexual e seus aspectos jurídicos

Gostemos ou não, a verdade é que o mundo está se transformando rapidamente. Velhos conceitos cedem lugar a novos; preceitos antigos acerca das relações humanas se pulverizam ante a busca da plena felicidade, conduzindo os seres humanos à liberdade de escolha de seus parceiros sexuais.

Conquanto no âmbito da ordem jurídica se reconheça como entidade familiar apenas aquela união formada por pessoas de sexos diferentes, no plano dos fatos, as famílias homossexuais têm-se proliferado, e a maioria delas vive muito bem.

O amor e a convivência homossexual é uma realidade que não pode mais ficar à margem da devida tutela jurídica, a fim de alçar-se como entidade familiar reconhecida pelo Estado.

Neste novo contexto social, pois, não cabem mais discriminações em relação às opções sexuais das pessoas, se não por questões de ordem ética, por força de disposição constitucional.

Assim é que se de um lado se estabelece que "o casamento é um contrato bilateral e solene, pelo qual homem e mulher se unem.." (5) e se se reconhece, para efeitos da proteção do Estado, a união estável entre homem e mulher como entidade familiar, não é menos verdade que a mesma Carta Constitucional consagra a igualdade de todos, vedando qualquer tipo de discriminação.

Apontando como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), a Constituição Federal exalta a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (art. 5º, caput) (grifou-se).

Também o inciso IV do art. 3º da Constituição Federal estabelece como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

O Projeto de Lei da ex-Deputada Marta Suplicy, que tanta celeuma causou nos segmentos mais conservadores da sociedade brasileira, buscou dar à questão os contornos jurídicos que reclamava aquela parte da sociedade mais propensa a mudanças, a transformações, ou seja, menos conservadora.

Contudo, após modificações apresentadas pelo relator, o projeto pouco avançou no sentido de reconhecer a união homossexual como entidade familiar. Seu principal objetivo é autorizar a elaboração de um contrato escrito, entre pessoas do mesmo sexo, para fins de estabelecimento de deveres, impedimentos e obrigações de caráter meramente patrimonial.

De acordo com o projeto, o reconhecimento da parceria civil registrada independe da existência de uma affectio societatis, entre os parceiros, nem de que haja entre eles relações sexuais. Nada impede que tal parceria se revista, simplesmente, numa mera convivência fraterna, solidária entre pessoas do mesmo sexo, sem nenhuma conotação amorosa ou sexual.

Em que pese a falta de tutela jurisdicional, o homossexualismo avança. Os fatos da vida se antecipam ao direito, e o Poder Judiciário não pode se nega a solucioná-los. Assim é que, recentemente, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul firmou jurisprudência no seguinte sentido:

RECURSO: CONFLITO DE COMPETÊNCIA

NUMERO: 70000992156

RELATOR: JOSE ATAIDES SIQUEIRA TRINDADE

DATA DE JULGAMENTO: 29/06/2000

ORGAO JULGADOR: OITAVA CAMARA CIVEL

EMENTA: RELACOES HOMOSSEXUAIS. COMPETENCIA DA VARA DE FAMILIA PARA JULGAMENTO DE SEPARACAO EM SOCIEDADE DE FATO. A COMPETENCIA PARA JULGAMENTO DE SEPARACAO DE SOCIEDADE DE FATO DE CASAIS FORMADOS POR PESSOAS DO MESMO SEXO, E DAS VARAS DE FAMILIA, CONFORME PRECEDENTES DESTA CAMARA, POR NAO SER POSSIVEL QUALQUER DISCRIMINACAO POR SE TRATAR DE UNIAO ENTRE HOMOSSEXUAIS, POIS E CERTO QUE A CONSTITUICAO FEDERAL, CONSAGRANDO PRINCIPIOS DEMOCRATICOS DE DIREITO, PROIBE DISCRIMINACAO DE QUALQUER ESPECIE, PRINCIPALMENTE QUANTO A OPCAO SEXUAL, SENDO INCABIVEL, ASSIM, QUANTO A SOCIEDADE DE FATO HOMOSSEXUAL. CONFLITO DE COMPETENCIA ACOLHIDO (Grifou-se).

RECURSO: APELACAO CIVEL

NUMERO: 598362655

RELATOR: JOSE ATAIDES SIQUEIRA TRINDADE

DATA DE JULGAMENTO: 01/03/2000

ORGAO JULGADOR: OITAVA CAMARA CIVEL

EMENTA: HOMOSSEXUAIS. UNIAO ESTAVEL. POSSIBILIDADE JURIDICA DO PEDIDO. E POSSIVEL O PROCESSAMENTO E O RECONHECIMENTO DE UNIAO ESTAVEL ENTRE HOMOSSEXUAIS, ANTE PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS INSCULPIDOS NA CONSTITUICAO FEDERAL QUE VEDAM QUALQUER DISCRIMINACAO, INCLUSIVE QUANTO AO SEXO, SENDO DESCABIDA DISCRIMINACAO QUANTO A UNIAO HOMOSSEXUAL. E JUSTAMENTE AGORA, QUANDO UMA ONDA RENOVADORA SE ESTENDE PELO MUNDO, COM REFLEXOS ACENTUADOS EM NOSSO PAIS, DESTRUINDO PRECEITOS ARCAICOS, MODIFICANDO CONCEITOS E IMPONDO A SERENIDADE CIENTIFICA DA MODERNIDADE NO TRATO DAS RELACOES HUMANAS, QUE AS POSICOES DEVEM SER MARCADAS E AMADURECIDAS, PARA QUE OS AVANCOS NAO SOFRAM RETROCESSO E PARA QUE AS INDIVIDUALIDADES E COLETIVIDADES, POSSAM ANDAR SEGURAS NA TAO ALMEJADA BUSCA DA FELICIDADE, DIREITO FUNDAMENTAL DE TODOS. SENTENCA DESCONSTITUIDA PARA QUE SEJA INSTRUIDO O FEITO. APELACAO PROVIDA (Grifou-se).

Registre-se, por fim, que foi em conseqüência de decisão judicial, na Ação Civil Pública nº 2000.71.00.009347-0, que o Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS baixou a Instrução Normativa no 20/2000, regulamentando os benefícios previdenciários para companheiros homossexuais. Veja-se, pois, que o próprio Estado, através de seu órgão de seguridade social, reconhece a união homossexual como união estável, a ponto de conferir pensão por morte, a companheiro/companheira homossexual.

4. A Adoção

A adoção, segundo Clóvis Beviláqua, "é o ato civil pelo qual alguém aceita um estranho na qualidade de filho" (6). Na concepção de Pontes de Miranda, a "adoção é o ato solene pelo qual se cria entre o adotante e o adotado relação fictícia de paternidade e filiação" (7)

A Constituição Federal, no seu art. 227, estabelece:

"Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de coloca-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão"

....

§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sai efetivação por parte dos estrangeiros.

A Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, ao regulamentar o § 5º do art. 227 da CF, dispõe:

Art. 42. Podem adotar os maiores de vinte e um anos, independentemente de estado civil (grifou-se).

Do cotejo de tais dispositivos resta claro que não há qualquer impedimento para que homossexuais adotem. Além do quê, o art. 43 do referido estatuto consagra que a "adoção poderá ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante e fundar-se em motivos legítimos".

Ora, se uma criança sofre maus tratos no seio de sua família biológica, abusos de toda espécie, ou se é abandonada à própria sorte, vivendo nas ruas, sendo usada para o tráfico de drogas, como ocorre em nossos centros urbanos, evidentemente que sua adoção, quer seja por parte de casal homossexual, ou heterossexual ou mesmo por pessoa solteira, desde que revele a formação de um lar, onde haja respeito, lealdade e assistência mútuos, só apresenta vantagens.

O grande argumento das pessoas que se opõem à adoção de crianças por homossexuais é de que especialistas ligados à área da psiquiatria e da psicanálise alertariam para o perigo da identificação das crianças com o modelo dos pais, o que as levaria, por lealdade afetiva, a se tornarem também homossexuais. Argumentam ainda que até os três anos de idade, a personalidade da criança se forma, e nessa formação contribui sem dúvida alguma a diferença de sexo entre os pais. Afirmam que se os pais são homossexuais, grande é a possibilidade de os filhos também o serem.

Nada mais falso. Primeiro porque, mesmo sem grande conhecimento na área de psiquiatria e psicologia, o senso comum revela-nos que a criança, na formação de sua personalidade, identifica-se sim com seus pais, mas – registre-se, com os papéis que eles representam: feminino e masculino. A forma física (genital) em que tais papéis feminino e masculino se apresentam pouco importa para a criança.

Segundo, porque se a afirmação de que os filhos imitam os pais fosse uma verdade inexorável, como se explica que crianças, geradas, criadas e educadas por casais heterossexuais, se descubram e se proclamem mais tarde homossexuais? Esse tipo de argumento é preconceituoso, discriminatório e infeliz. Se o velho jargão "tal pai, tal filho" fosse absoluto, filhos de gênios seriam gênios; de alcoólatras, alcoólatras, de psicopatas, psicopatas, e assim por diante. Felizmente, a realidade está aí para infirmar tais argumentos. Na verdade, a ciência não sabe o que determina a preferência sexual de uma pessoa.

Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoção por parte de casais homossexuais – agora no âmbito do ordenamento jurídico - é que haveria vedação legal, inserta no art. 370 do Código Civil, que estabelece que "ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se forem marido e mulher".

A exemplo dos demais, também esse argumento é refutável, haja vista que o Código Civil data de 1916, e que a matéria relativa à adoção passou a ser regulada, a partir de 1990, nos termos do § 5º do art. 227 da Constituição Federal de 1988, pela Lei 8.069 - o Estatuto da Criança e do Adolescente. Conseqüentemente, por força do § 1º do art. 2º da LICC, o Capítulo V do Código Civil encontra-se revogado. Senão, vejamos. O Código Civil estabelecia idade mínima de trinta anos para a adoção (art. 368); já o ECA permite a adoção a partir dos vinte e um anos. O art. 370 do Código Civil dispunha que ninguém poderia ser adotado por duas pessoas, salvo se fossem marido e mulher, mas o ECA, no seu art. 42, dispõe que podem adotar os maiores de vinte e um anos, independentemente de estado civil. O § 2º do referido artigo (42) prevê ainda a possibilidade de adoção por concubinos ou companheiros em união estável, enquanto o Código Civil dispunha expressamente que os adotantes deveriam ser marido e mulher, ou seja, casados.


5. Conclusões

Como sói acontecer, os conflitos sociais, a vida real e cotidiana se antecipa à atividade legiferante. E é assim mesmo que deve acontecer. Quando novos contextos se apresentam nas relações humanas, é salutar que, numa democracia, as posições sejam demarcadas, os debates se estabeleçam, que os embates discursivos se travem, e assim, a Lei e o Direito, objetivando harmonizar o novo e o velho, o antigo e o moderno, o conservador e o avançado, sirvam de suporte para a solidificação de "novos direitos" em uma escala ascendente, em busca da felicidade geral.

Quem desconhece a luta das mulheres pela conquista de seus direitos, de seu espaço, pela ampliação de seus papéis na sociedade? As batalhas travadas, o longo caminho percorrido e ainda a percorrer? E os movimentos dos negros, dos índios, enfim de todas as minorias?

A tomada de posições, a luta pela conquista de novos direitos, o embate social e político, o confronto – adstrito aos limites do debate - de ideologias fazem avançar a história da humanidade. Tudo o que é inovador assusta, confunde e põe medo, mas acaba por estabelecer-se. Quem imaginava há poucas décadas atrás que as mulheres iriam ultrapassar as fronteiras da própria cozinha, ganhando espaços antes ocupados apenas pelos homens? Assim também será o "direito dos homossexuais" de serem felizes, de buscarem o reconhecimento do direito de constituírem família, de verem seus anseios protegidos pelo Estado e pela sociedade.


Notas

1.Família no Brasil dos Anos 90: Um Estudo sobre a Construção Social da Conjugalidade Homossexual. Tese de doutorado. In: www.asselegis.org.br;

2.advogada em São Miguel do Oeste (SC), mestranda da UFSC, professora de Direito Civil na UNOESC A tutela constitucional das entidades familiares não fundadas no matrimônio. In: www1.jus.com.br;

3.advogado em Aracaju (SE), pós-graduado em Obrigações e Contratos - União civil entre pessoas do mesmo sexo (projeto de Lei 1511/95). In: www.jus1.com.br;

4.Desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. União homossexual. Aspectos sociais e jurídicos. In: :www.ajuris.org.br;

5.Beviláqua, Clóvis. Apud Milhomens, Jônatas. Magela Alves, Geraldo. In Manual Prático de Direito de Família. Rio de Janeiro : Forense. 9ª ed, p. 43;

6.Apud Milhomens, Jônatas. Magela Alves, Geraldo. In Manual Prático de Direito de Família. Rio de Janeiro : Forense. 9ª ed, p. 1.

7.Idem, ibidem.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro." (C. Lispector)