sexta-feira, 14 de março de 2008

Segunda-feira, 10 de março de 2008.
Fonte: O Estado de São Paulo.

Nobel defende pesquisas com células-tronco embrionárias
Alexandre Gonçalves

O ganhador do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 2007, Oliver Smithies, afirmou ontem em São Paulo que “um país que não tomar parte (nas pesquisas com células-tronco embrionárias) perderá a oportunidade de oferecer sua contribuição à humanidade”. O comentário foi feito no Parque do Ibirapuera, antes de uma palestra sobre sua experiência de 60 anos como biólogo molecular.Na quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o julgamento sobre a constitucionalidade da utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas por causa do pedido de vista do ministro Carlos Alberto Direito. O assunto só voltará para a fila de matérias a serem apreciadas em até 30 dias.Para o ministro Marco Aurélio Mello, um dos 11 membros do STF, a diferença dos votos contra ou a favor das pesquisas deverá ser muito pequena - “de um ou dois”. Smithies espera que o STF adote uma nova perspectiva diante do problema ético suscitado pelas pesquisas. “Existe muita discussão sobre matar embriões. Mas, na verdade, trata-se de preservar a vida do embrião.” E esclarece seu ponto de vista com um exemplo. “Se eu morresse em um acidente de carro, algumas partes do meu corpo poderiam ser transplantadas. Desta forma, parte de mim continuaria vivendo em outras pessoas.”O cientista acredita que os primórdios de qualquer campo de pesquisa costumam ser controversos, mas, com o tempo, as restrições, inclusive religiosas, tendem a diminuir e desaparecer. Em contraposição, o papa Bento XVI reafirmou ontem, em uma homilia para 200 jovens na igreja romana de São Lourenço, o valor incondicional da vida humana. “O homem é sempre homem com toda a sua dignidade, mesmo se estiver em estado de coma, mesmo se for um embrião”, disse.Segundo Bento XVI, a ciência e, de um modo particular a medicina, representa uma grande luta pela vida, mas, mesmo se descobrissem a “pílula da imortalidade”, seriam incapazes de satisfazer a sede de eternidade latente no homem. “Imaginemos o que aconteceria com uma vida biológica imortal. Surgiria um mundo envelhecido, um mundo sem espaço para a juventude, para o novo. Esta não pode ser a imortalidade que desejamos”, afirmou.ANIMAISSmithies também é favorável à utilização de cobaias nas pesquisas científicas, desde que fique comprovada a relevância dos estudos para o conhecimento científico. Hoje, o pesquisador participará da abertura do 1.º Simpósio Brasileiro de Tecnologia Transgênica, organizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

COLABOROU JOÃO NAVES

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